segunda-feira, setembro 15, 2008

Morfina

Olá.
Anos depois o MA se concretiza. Não sei se é pelo fato d'eu ter muita coisa fresca na cabeça ou se é pela simples motivação de criar um blog com uma pessoa tão legal, Saulo (por favor, não choremos mais), que sinto uma inspiração pulsante aqui.
Demorei ainda algum tempo pra registrar algo aqui pois eu já sei que este, como sendo o primeiro post meu, vai ser também o primeiro a ficar pra trás. E se eu gostar dele? E se toda diversão e outros sentimentos bons estiverem aqui (ou ruins que levam a bons). Ele simplesmente vai ser esmagado pela barra de rolagem, até o infinito. Depois será mais um nos arquivos do blog.
Entretanto, vim pensando a pouca hora. Porque mesmo que escrevi pra Saulo ha alguns dias chamando-o para completar o incompleto de 3 anos atrás? Seria pra aumentar o número de comentários? Adsenses do Google? Popularidade? Nada disso. Se tem algo que eu ja disse, num comentário anterior, é que (ultima rasgação de seda daqui =P) me agrada muito dialogar com o Dourado (que gay isso!), e, logicamente, estamos em mundos diferentes, mas, aqui, em teoria, da pra aproveitar muito. Não é exatamente como estar na praia, de madrugada, e tropeçar em algum conhecido e abraça-lo. Mas, é algo bom. Algo que espero que dure o suficiente e não seja um compromisso, mas um prazer (ui!).


Bem, o ocorrido foi há quase uma semana. Eu fiz uma cirurgia, a primeira. Antes disso só fui cortado por grampeadores e estiletes em aulas de desenho. Aliás, ocorreu-me uma vez um furúnculu no cotovelo. Sim no COTOVELO. Um lugar tão miserável para se aparecerer este bendito de nome esdrúxulo que eu tive que fazer uma micro-mini-cirurgia. De tão mini, a anestesia foi uma pomadinha e unica coisa diferente do procedimento foi um dreno e uma dor prolongada que foi covardemente presenteada a um menino de 12 anos.
Minha maravilhosa cirurgia de agora passa longe disso aí. O prógnóstico era Varicocele (varize no ovo - bago - esquerdo) e hérnia (protusão de um órgão- no caso o intestino) inguinal (região) à direita. Estou eu aqui tal qual uma mulher recém parida, de resguardo depois do corte cabuloso da cesariana. O corte é igualzinho igualzinho, se eu fosse uma mulher, poderia tirar o filhinho ainda agora.
Tirando o aspecto trágico qual me encontro agora, que até coceira nas nádegas apareceram e espinhas, devido a um intenso tempo deitado e sentado, a parte mais plausível de se contar é realmente o pós-cirurgico.
De certo que sabia que me cortariam todo e eu ficaria como inválido por uns 15 dias imaginei que seria tudo mais ou menos tranquilo. Cheguei lá já começando com a infelicidade do constragimento. A infermeira vem logo perguntando se eu já estou 'raspadinho', e eu, tive que mostra-la que não. Minha mamãezinha foi quem me salvou e com uma lâmina de barbear semi-cega, despentelhou-me, enquanto eu balançava em pé no banheiro, devido ao Valium que a infermeira meteu-me guela abaixo.
Aí vem as burocracias. Cadê os exames? Vai a mãe em casa procurar e nada. Vai a namorada em casa procurar e nada. Os exames sei lá porque eu coloquei dentro de uma mochila. A demora foi tanta, que depois que acharam o efeito do tranquilizante passou. Eu ainda precisei esperar mais uma hora pra que a enfermeira almoçasse e tudo mais. Por fim, a cirurgia marcada para 7:30 da manhã começou às 3h da tarde.
- Enverga a coluna direito. - Dizia com a maior tranquilidade do mundo o anestesista...
"Como assim 'direito'? O que você faria se soubesse que alguém vai meter um agulhão no meio de suas costas?" Eu não sei como é o procedimento, mas ele meteu foi duas vezes. A primeira eu sentado e a outra eu deitado.
- Deite e fique na posição de frio.
Posição de frio? Que posição louca é essa? Foram quase 10 minutos com isso. Queta... E depois que ele tirou a agulha do tamanho de uma caneta eu ainda pensava que estava em minhas costas.
- Mecha as pernas.
Rapaz, quem disse que dava pra mecher? Eu botei toda força do mundo e nada. Ai veio ele depois dizer que ia me dar uma 'coisa' pra eu relaxar. Morfina o nome da danada. Eu apaguei que eu nem senti. Acho que se ele tivesse pedido pra eu contar até 1 a 10 eu nem tinha chegado no 1.
Eu acordei no meio da cirurgia. Vi as luzinhas. Beleza, to vivo. Eu nem tinha percebido ainda que estavam me operando. Quando eu vi aquele pano verde em minha frente foi que eu vi. Vixe, será que passouo efeito da anestesia? O bom foi que nem deu tempo de raciocinar. Olhei pra cima e vi um degrade que ia do verde ao vermelho, e em baixo a mesma coisa. Ai eu pensei 'a sala é espelhada?'. Como minhas mãos não estavam presas, eu dei uma de conversador e puxei o guarda pó do médico:
- Venha cá seu doutor, que sala é essa? As luzinhas? Que luz é essa?
Ele deu uma rizadinha e falou pra eu ficar quietinho. Um segundo depois eu apaguei.
'Ar luzinha'. Acordei na sala pensando nelas. Na graça que era puchar o guarda pó do médico. Ele apareceu e mandou eu mecher as pernas, que ainda estavam dormentes. Eu nem sei porque, e nem sei onde arrumei tanta flexibilidade, mas eu, que me acostumei com o mesmo pedido de horas atrás, usei tanta força que a perna quase veio em minha cabeça. Sorte que ele segurou.
Todo cortadinho, comendo mamão pra soltar e mijando todo dia um bocado. Talvez do 'nada pra fazer' eu tenha me motivado a chegar no scrapbook de Saulo e reviver idéias antigas. Bem bem, que se acostumemos então a postar aqui. E você que agora lê, se acostume com os erros, pois eu raremente corrijo escritos.
Até a próxima (ai...)

ps: saulo saulo, se encarregue de utilizar sua lista de e-mails para uma divulgação unica. dai em diante só o acaso.

Um comentário:

Saulo Dourado disse...

uhahuahua acordar no meio da cirurgia e perguntar que sala é aquela deve ser tão assustador quanto acordar, bêbado, numa cidade vizinha, como aconteceu com um conhecido.

que tal se a lei do acaso fosse desde já? o gostoso é escrever.