segunda-feira, setembro 15, 2008

Aqui

Montar blog não é algo que exija qualquer explicação. É fácil, você entra, faz, publica e não precisa de pretexto algum, porque existem coisas, como essa, que quando muito naturalizadas, não cobram mais uma nota prévia, um porquê. E mesmo que tudo tenha uma historinha que anteceda, coisas comuns perdem o direito de contá-las. Só às vezes uns insistem e no final a historinha nem tinha tanta graça assim, porque acabou no exato ponto em que qualquer um poderia acabar. E se pára de insistir? Pro nosso pior.
Foi idéia de Anderson, quando eu lhe narrei um causo cheio de coincidências. Nós nem nos encontrávamos tanto assim, até hoje inclusive, mas o que ele propôs me pareceu fácill: escrever causos e besteiras que nos divertisse. É isso: o bom de Anderson é que, apesar de todas as conversas pessimistas que você possa ter com ele, as coisas, ao seu toque, sempre parecem mais fáceis de serem vistas, digeridas, vividas. Bom, não aconteceu o blog naquela época. Eu larguei a escola (não definitivamente), ele saiu dela meses depois e foi viver no interior. Enfim: mundo pros dois.
Pelo início desse ano que a gente foi se reencontrar e de um modo que bem revela o título disto aqui. No porto da barra, às duas da manhã, eu caminhando perdido de um grupo, ele passando uma semana ou duas em Salvador. Conversamos, bem gratuitamente, como deve ser uma boa conversa. Nos despedimos, prometemos um qualquer dia desses aí. E uma semana depois, ele falou tarde da noite pelo msn, se eu queria passar em Stella Maris pela manhã.
O dia, com manhã embriagada, gato achado na rua, vexames com irmã, gente encontrada sem querer na praia, diálogos sobre o fim do mundo, simbolizou o que mais me dá gosto no meu movimento diante de todas coisas, o fluxo completo, o caos dos acontecimentos, a possibilidade para o imprevisível. Tento, e muito mais de uns tempos pra cá, fazer da vida o meu próprio objeto, e não servi-la de base para construir algo que faça, ilusoriamente, mais sentido do que ela mesma, seja uma grande carreira, ser aclamado, eternizado. Só se for natural, se acontecer assim junto dela. Caso não, a vida que seja e quando acabar, que eu acabe também, e desse jeito que deveria ser, porque só ela que realmente valia. E aquele dia foi algo O Apanhador no Campo de Centeio, coisas simples que ora ou outra representavam o que viria pouco tempo depois: ele iria voltar para Jequié e tomar umas decisões, e eu iria começar a faculdade, depois de uma jornada antológica.
Nesse dia Anderson tocou de novo no assunto do blog. Disse que sim, mas metido em bobagens literárias, de planos, grandes planos que me completavam, acabei enrolando e não soube deixar acontecer. Meses depois, ele mandou uma mensagem inquiridora. Confirmei. Daí só dois dias, dois cliques. E fincamos. Que seja. Qualquer coisa.

Um comentário:

Anderson disse...

Mas pois, tenho que dizer realmente que se não fosse saulo muita coisa estaria diferente hoje. Não fosse por Sartre, por intermédio de saulo, eu não me policiaria hoje pra não me tornar um reles caretão imutável.
E ainda, lógico, não sei como eu me encontrei tão poucas vezes com esta criatura. A sala do grêmio, os corredores do isba, os sinais da Av. Oceânica. Não fosse a profunda importância dos segundos/minutos/horas de conversa, eu sequer lembraria quem é saulo. Quem é saulo. Saulo é o acaso vivo. Ele estudava pela tarde. Eu pela manhã. Eu o achava bossal,ele, não sei. Tudo dizia que ele ia ser mais um que passava e eu, um que estava passando. Até que não foi... No fim, Uma briga ótima para se guardar sandálias na praia e um 'até breve, se eu ou você não formos os próximos a morrerem'. O mundo acabará, mas, bem saulo, se meu enter final vir antes do fim total, fica aqui a explicação da minha vontade de fazer algo (ui!) com você. Desde 2005 esta idéia. Demorou mas chegou, como diria Edson Gomes.
Aquele abraço!